Entrevista com os curadores do DESIGN 80/90 – Christian Ullmann

31-08-2018 | DESIGN 80/90, Eventos, Exposições

CHRISTIAN ULLMANN

Christian UllmannBFD: Como foi idealizada a exposição Design 80/90?
Christian Ullmann: Esta exposição foi idealizada a partir de conversas com a Marili Brandão e o Otávio Nazareth após o lançamento do livro Brasil Faz Design. A ideia inicial foi a valorização dos designers que continuaram os passos dos arquitetos e designers modernistas. O projeto do Brasil Faz Design teve este objetivo desde a sua criação. Além disso, as conversas com Ric Peruchi para pensar nas atividades doo IED SP durante a DW! foi dando forma as ideias e transformando-as neste projeto: a exposição Design 80/90.

BFD: A mostra apresenta 10 peças de design criadas por trezes designers. Qual o critério para a seleção desses nomes para representar esse período do design brasileiro?
Christian Ullmann: Os designers selecionados para a mostra fazem parte de um recorte possível dos designers autorais de destaque durante esse período. Foram jovens designers autoprodutores, inspirados nas mudanças, nos movimentos italianos de design e cheios de energia para abrir caminhos entre modernistas, industrias e o mercado.

BFD: Visto em perspectiva, como você define o design brasileiro produzido nesses anos? Há uma mudança de estilo, técnica ou uso de materiais distintos para cada uma das décadas?
Christian Ullmann: Adolescente e jovem. Assim foi esse período para o design e para os designers brasileiros.Imagina um grupo pequeno de pessoas desbravando e colocando em cheque tudo o que estava estabelecido nos anos 1980 e 1990. São duas épocas com claras diferenças em materiais, gerações e tecnologia. O tempo, só o tempo resolve. Podemos fazer o mesmo produto a cada dez anos, um por cada década e ele nunca será igual. É isso que o design e as atividades de projeto apresentam: uma imagem do momento histórico, social, cultural e industrial de um pais, de uma região, de uma cidade. A madeira é o material brasileiro histórico por excelência e na década de 80, com a tecnologia disponível, surgem novos acabamentos, novos processos e novas soluções. Aos poucos acreditamos nas ideais novas, nas nossas ideias e assim o design entra nos anos 90 e explode em diversidade de conceitos, materiais, processos, funções, aumentando sua confiança e arriscando mais no seu processo de internacionalização.

BFD: O que você destacaria como essencial na exposição?
Christian Ullmann: O essencial da exposição é valorizar e reconhecer a história recente, a história da qual fazemos parte. A nossa construção atual tem muito a ver com essas décadas e o futuro dos jovens designers também passa por conhecer e entender como foram pensadas e realizadas as coisas e dentro de quais contextos. É o passado que construí o presente e nos projeta para o futuro.

Christian Ullmann é sócio do Brasil Faz Design.

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